segunda-feira, 20 de setembro de 2004

Ontem aconteceu um negócio bem gozado.

Eu estava fazendo a segurança de um jogo de futebol. Daí, de repente, o chefe ligou pra mim no celular e falou que tinha uma ameaça de bomba no estádio.

Isso não é algo que acontece todo dia.

Daí eu achei que era trote e desliguei. Antes de desligar eu mudei a minha voz, pra parecer que eu era bem grande e perigoso, pra ele não me passar trote de novo.

Ele ligou de novo e me deu um esporro.

Daí eu percebi que era o chefe mesmo.

Ele falou que tinha recebido uma ligação anônima de uma pessoa que dizia que tinha escondido uma bomba no estádio e que era pra eu procurar discretamente enquanto ele mandava reforços.

Daí eu comecei a procurar no meio da torcida organizada, que é onde geralmente ficam os meliantes. Eu apreendi um monte de cerveja e cigarro, mas não achei a bomba.

Daí eu fui procurar no banheiro.

Geralmente os delinqüentes juvenis colocam a bomba atrás da privada, pra assustar quem está sentado. Mas dessa vez não. A bomba não estava no banheiro. Antes de sair, eu fiz uma bola de papel higiênico molhado e joguei no teto.

Daí eu fui procurar a bomba nos camarotes do estádio, que é onde ficam as pessoas ricas. Se a bomba estivesse nessa parte, ela ia ser bem moderna e digital. Ia ser uma bomba H. Mas ela não estava la.

Daí eu fui procurar nos camarotes da imprensa. Antes de abrir a porta eu me lembrei que o Gavião Bueno poderia estar la dentro. Daí eu peguei uma caneta pra ele escrever um autógrafo na minha arma.

Quando eu entrei, eu vi que ele não estava lá. Tinha um outro narrador que eu não me lembro o nome.

Daí eu peguei o microfone e gritei: "Goooooooooooolllllll... ...era mentiraaaaaaaa!"

Eu não sou o maior gozador?

Daí eu fui procurar a bomba na parte do estádio que não pode entrar pessoas. Tem um monte de túnel subterrâneo. Eu fiquei com medo. Mas não tinha fantasma. Nem bomba. Daí o meu telefone tocou de novo. Eram o chefe. Ele me disse que os reforços tinham chegado e que era pra eu seguir as instruções dele.

Primeiro ele me perguntou onde eu estava. Eu falei que eu não sabia. Daí ele rastreou o meu telefone e falou que era pra eu ir pra esquerda.

Só que quando eu tô nervoso eu não me lembro pra qual lado fica a esquerda. Nem a direita.

Daí eu fui pra frente.

O chefe falou que eu estava indo pro lugar errado.

Daí eu mudei a minha voz, pra ele achar que era engano e continuei andando.

Eu imitei a voz do capitão Boing, do desenho animado. Eu disse que não podia atender, porque eu estava pilotando.

Daí ele me disse que eu tava indo pro lugar errado.

Daí eu imitei uma secretária eletrônica e pedi pra ele deixar recado.

Ele começou a me xingar e a dizer que tava me vendo falar com ele no telefone. Se ele tava me vendo é porque eu podia ver ele. Daí eu comecei a procurar. Foi nessa hora que eu percebi que eu tava bem no meio do campo. A torcida começou a me vaiar.

Daí eu falei pro chefe que era culpa dele e continuei procurando a bomba no campo. Eu comecei a revistar alguns jogadores, pra ver se não estavam escondendo a bomba.

Daí o juiz parou o jogo e veio falar comigo.

Ele disse: "O senhor não pode entrar no campo assim, tá ficando louco?"

Daí eu disse: "Você é que tá louco."

Daí a gente começou uma discussão. Ele falou pra mim que eu era tipo o Eurico Moranga, que invade o campo pra parar o jogo.

Daí eu disse pra ele que ele era tipo o Margarida.

Nessa última eu gozei pesado.

Daí ele me perguntou o que eu estava fazendo e eu disse que eu tava procurando uma bomba.

Ele falou que era gozação minha e que ele ia chamar a polícia de verdade pra me prender.

Isso foi uma obstrução da lei.

Ele começou a me empurrar pra fora do campo.

Daí eu disse: "Para de encher o saco e vai apitar o teu jogo!"

Ele falou que se eu era da polícia de verdade ele ia me processar.

Daí eu apontei a minha arma pra ele.

A torcida vibrou.

Foi o momento máximo da gozação.

Daí apareceu o chefe. Ele estava meio que com vergonha, todo vermelho. E me pediu pra sair do campo discretamente.

Eu acho que eu apareci na televisão.

Daí eu saí aplaudido pela torcida.

O chefe me deu outro esporro. Ele disse que eu não estava fazendo o meu trabalho direito.

Daí eu decidi que não ia sair do estádio enquanto eu não encontrasse a bomba.

Eu tive uma idéia genial. Eu peguei um microfone que faz a minha voz sair em todo o estádio e falei: "Atenção: tem uma bomba no estádio!"

Todo mundo saiu correndo.

Daí eu saí correndo também.

Depois eu descobri que era mentira.

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