terça-feira, 31 de março de 2009

Gozando o Gonzales

Se tem uma coisa que eu não gosto de fazer aqui na delegacia é cocô. No banheiro, por suposto. Eu tenho medo que alguém abra a porta do banheiro enquanto eu estou sentado, aponte pra mim e grite: “Rá! Te peguei!”

Mas quando dá vontade eu faço. Porque eu tenho medo que o cocô vá crescendo dentro de mim e comece a sair involuntariamente pelos orifícios. Desde 1967 eu tenho medo que isso aconteça.

Hoje deu vontade de ir ao banheiro, enquanto eu tava na delegacia. Daí eu fui.

Eu tava lá sentado, olhando pro chão. Do lado de fora tinha gente fazendo xixi e lavando a mão.

Eu tinha colocado o rolo de papel higiênico no chão, na minha frente, e fiquei olhando pra ele. Daí veio uma mão por baixo do vão da porta e levou o meu papel embora. E eu dei risada, porque uma vez eu vi o Mister Dean fazer isso na TV.

Considerei a hipótese de que essa mão fosse tipo aquela da Família Adams. Mas mais tarde eu vi que não era.

Eu coloquei o meu celular no chão, perto do vão, pra ver se a mão pegava. E pegou. Daí eu dei mais risada.

Aí eu coloquei a minha arma no chão, pra ver se ela pegava também. Eu achei que fosse dar risada disso, mas quando ela levou a minha arma, eu fiquei com medo.

Quando eu coloquei o meu pé, pra ver se a mão me puxava pra fora dali, eu escutei uma voz familiar: “Eu to reconhecendo o sapato do cagão”.

Daí eu vejo o Gonzales colocar a cabeça por cima da porta, pra me olhar fazendo cocô. Ele riu e saiu correndo com a minha arma.

Mas eu me vinguei. Mais tarde eu peguei um pacote de bolacha recheada de chocolate e passei o recheio num papel higiênico. Daí eu grudei esse recheio marrom, com o papel junto, na careca dele, enquanto ele estava na mesa dele. Ele entrou em frenesi.

Um repórter da Tribuna tava conversando com ele nessa hora. Daí eu disse pro cara: “Anota aí na sua matéria que o Gonzáles é o maior gozador, mas eu sou mais ainda”.

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