Teve um dia, bem no meio da guerra, que o chefe (general) me falou bem assim: "Ramirez, você vai entrar em um navio. Sem fazer perguntas. Vai viajar durante 5 horas. Quando a porta do navio abrir, você vai estar em um cenário de guerra. Eu quero que você ponha em prática o seu treinamento. Entendido?"
Bom, eu entrei nesse navio, era lá no Rio de Janeiro.
Daí eu fiquei olhando a minha bússola e o meu relógio, pra saber exatamente onde eu estava indo.
Depois de 5 horas de viagem, eu tinha absoluta certeza de que eu havia chegado na Antuérpia.
Quando a porta do navio abriu, eu fui imediatamente alvejado por fogo inimigo.
Vocês gostaram dessa minha frase anterior?
Bom, continuando, eu levei uns tiros, mas como eu tenho nervos de aço, eu continuei andando. E não senti dor.
Daí eu instruí os meus colegas de pelotão a atirar contra a minha pessoa, pra ver se mais de perto eu ia sentir dor.
Não doeu.
Um dos meus colegas, o Printscryn (a gente chamava ele de polaco), falou que eu não tava sentindo dor porque as armas eram de mentira.
Daí eu perguntei: "Como assim as armas são de mentira? Se o inimigo está com armas de mentira e nós também, então a guerra é de mentira!"
Daí ele me falou que era apenas um treinamento.
Daí eu fiquei puto: "Como assim um treinamento? Eu perco 5 horas da minha vida dentro de um navio, pra ir do Rio de Janeiro até a Antuérpia e tudo isso é um treinamento?"
Depois de 5 minutos de raciocínio, com a boca aberta, olhando para o infinito, eu cheguei a uma conclusão arrebatadora:
Os vietcongues sequestraram todo mundo do exército brasileiro (menos eu)e himpinotizaram todo mundo pra achar que aquilo era um treinamento.
Isso era grave.
O que aconteceu depois foi mais grave ainda.
Eu peguei o meu binóculo e dei um zoom em um dos helicópteros inimigos, que tava atirando no meu pelotão.
A imagem que eu vi foi apavorante:
O helicóptero era da Força Aérea Brasileira.
Ou seja, os vietcongues roubaram os nossos helicópteros e estavam usando contra a gente.
Por sorte eles não sabiam que as armas eram de mentira.
Bom, de mentira ou não, eu sabia que eu tinha que explodir aquele helicóptero.
Daí eu montei uma bomba.
Eu fiz também um envelope escrito "segredos do exército brasileiro - top secret" e coloquei a bomba dentro dele, pra explodir na mão de quem abrisse.
Daí eu fui correndo na direção dos vietcongues.
É obvio que eles começaram a atirar em mim.
Só que as balas de mentira não conseguiram me ferir, obviamente.
No meio do caminho, eu parei de correr e comecei a andar igual a um Cinborgue, pra eles acharem que eu era o exterminador do futuro.
Eu achei que isso ia assustar todo mundo, só que não.
Daí eu resolvi me jogar no chão e me fingir de morto, pra ver se eles iam pousar o helicóptero e roubar o envelope de mim.
E foi bem isso que aconteceu.
Só que eles me levaram junto no helicóptero.
Daí, em um momento kamikaze, eu resolvi explodir o envelope pra garantir o sucesso do exército brasileiro na Antuérpia.
Depois eu acordei no hospital, no Rio de Janeiro.
Eu acho que a minha missão foi um sucesso, porque eu estava intacto com apenas algumas queimaduras.
Só que eu acho que ficou tudo meio que confidencial, porque ninguém mais falou sobre a Antuérpia ou os vietcongues.
Depois disso eu fui transferido pra outro pelotão. O pelotão que foi pro Vietnã.
Só que essa história eu só vou contar na semana que vem.
Obrigado